sábado, 10 de novembro de 2012

A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica

A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica (no original em alemão, Das Kunstwerk im Zeitalter seiner technischen Reproduzierbarkeit) é um ensaio do filósofo Walter Benjamin sobre a arte no século XX, na era industrial, que analisa a sua existência na era da cópia, da fotografia.
Segundo Benjamin, em épocas anteriores a experiência do público com a obra de arte era única e condicionada pelo que ele chama de aura, isto é, pela distância e reverência que cada obra de arte, na medida em que é única, impõe ao observador. Primeiro — nas sociedades tradicionais ou pré-modernas — pelo modo como vinha associada ao ritual ou à experiência religiosa; depois — com o advento da sociedade moderna burguesa — pelo seu valor de distinção social, contribuindo para colocar num plano à parte aqueles que podem aceder à obra «autêntica».

É notória a distância entre o pensamento de Walter Benjamin e outros pensadores da Escola de Frankfurt como Theodor Adorno e Max Horkheimer no tocante à visão da reprodução técnica. A visão de Benjamin implica ver na reprodução técnica uma possibilidade de democratização estética, desde que elas conservem as características daquilo que, até então, chamaríamos de original. Isso fica claro quando ele toma por exemplo as fotos que podem ser feitas através de um mesmo negativo. Na verdade, quem poderia distinguir a primeira foto feita a partir de um negativo de uma segunda?

Adorno e Horkheimer, por outro lado, analisam que toda reprodução contribui para a perda de identidade da originalidade e está à disposição de uma elite que manipula aqueles que não possuem acesso aos originais, através de cópias feitas em série, conferindo a todas as cópias uma característica mercadológica, portanto, massificante. Benjamin, porém, acredita que esse fato, desde que observadas as técnicas, gera uma politização capaz de moldar o senso crítico daquele que observa.

Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Obra_de_Arte_na_Era_de_Sua_Reprodutibilidade_T%C3%A9cnica
http://braungardt.trialectics.com/theology/theologians/walter-benjamin/
O Domínio Televisual

Televisual é o modo de ser do meio que abrange o seu conteúdo, a sua audiência, as suas relações sociais, a sua economia sígnica, a sua tecnologia, o seu tempo, o seu espaço e as suas formas:


Heidegger afirma que a Idade Moderna concebe o mundo como imagem, organizando-o como uma espécie de destino. 
Isto quer dizer que apreendemos o mundo (na sua totalidade) como imagem, seja o próprio cosmos, a natureza, assim como a história.
Neste caso a televisão (e os filmes de Hollywood) não somente intermediam o que nós vemos do mundo, mas também criam a nossa compreensão do mundo. A TV conta e reconta, constrói e reconstrói as narrativas, criando o seu próprio entendimento do mundo.
Com isso, a representação da realidade recriada passa a ser veiculada tantas vezes que o nosso modo de ver e compreender o mundo passa a não ser autêntico, mas criado por este processo.  

Reflexão: Um claro paralelismo com a perspetiva exposta no texto supra pode ser encontrado na obra cinematográfica de Leni Riefenstahl, em cujo trabalho o regime Nacional Socialista de Adolf Hitler, através da divulgação de propaganda ideológica, construiu uma imagem de regime para o povo alemão. A ideia da supremacia da raça ariana foi claramente veiculada no filme “1936 Berlin Olympic Games”. O mundo da época, em particular o regime nazi, foi magistralmente caraterizado pela obra desta cineasta, apesar de não pertencer oficialmente ao partido e assumir um certo antagonismo com o ministro da propaganda, Joseph Goebbels.

A imagem e o som, através de cartazes heróicos de propaganda e músicas patrióticas, como as de Richard Wagner contribuíram também para a construção da imagem e ideário do regime nazi:

 Figura 1 - Poster usado pelas SS para recrutamento nos Países Baixos

O mundo em que julgamos viver é em grande escala a imagem que nos é veiculada pelos mass media, mas nem sempre essa imagem corresponde ao mundo real.

Referências:
“A Essência da Tecnologia”, Doutoramento em Media Arte Digital, Processos de Comunicação Digital; Gabriela Borges
http://www.historylearningsite.co.uk/leni_riefenstahl.htm
http://www.bytwerk.com/gpa/posters2.htm
http://fcit.usf.edu/holocaust/arts/musreich.htm




O Meio é a Mensagem

De acordo com McLuhan,  os media sobredeterminam a palavra e o seu sentido. Esta é a tese, que sustenta a afirmação “The media is the message”, hoje um “lugar comum interpretativo da cultura de massas” (Sá, 2001, p. 129).
As teorias de McLuhan sobre a técnica são diferentes da crítica da técnica em Heidegger. Influenciado por Chesterton (escritor inglês, séc. XIX-XX), assume uma visão crítica em relação ao positivismo e cientismo dominantes na época. Essa posição irá determinar a sua recusa de uma ideia de progresso exclusivamente associada ao progresso técnico.
No ideário do homem moderno, coexiste uma dualidade de sentimentos relativamente à técnica:
•    Por um lado recrimina-se os seus excessos e omnipotência/omnipresença;
•    Por outro, assume um fascínio/deslumbramento, ligado a modos cada vez mais dignificantes da humanidade.
Existe pois, uma controvérsia moderna sobre a técnica e a ciência, a qual tem sido o motivo da convergência de posições contraditórias de vários autores (McLuhan, Chesterton, Joyce, Pound, Elliot) incluindo “uma relação ambígua entre técnica e mística, progresso e sentimento” (Sá, 2001, p. 130). 

Sá, J. C. V. e. (2001). A Crítica da Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan. Interacções ISMT, 1, 124-137.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A Questão da Técnica

Segundo Heidegger (2002, pp. 11-13), a essência da técnica não é nada de técnico. Segundo o autor, da tradição antiga conhece-se que a essência de alguma coisa é aquilo que ela é. Seguindo este raciocínio, questionar a técnica é perguntar o que ela é.
A esta questão, são comuns duas respostas:
•    Técnica é um meio para um fim;
•    Técnica é uma atividade do homem.
Ambas as respostas se complementam, já que correspondem a atividades humanas.
Pertence à técnica:
•    A produção e o uso de ferramentas, aparelhos e máquinas;
•    Os produtos, utensílios e as necessidades que servem.
A própria técnica é um instrumento em si.
A técnica é um meio (determinação instrumental) e uma atividade humana (determinação antropológica).

Heidegger, M. (2002). Ensaios e Conferências (E. C. Leão, G. Fogel & M. S. C. Schubak, Trans.). Petrópolis: Editora Vozes.
Entrevista com Martin Heidegger (1963)

Neste videograma, o filósofo alemão Martin Heidegger é entrevistado pelo monge Bhikku Maha Mani. Abordam-se temas relacionados com a filosofia e pensamento oriental, bem como a temática sobre o encontro entre a tecnologia e a filosofia.
O vídeo tem legendas em inglês.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=L8HR4RXxZw8