Fractal Art |
Neste enquadramento considerar que a máquina é apenas um fruto da ciência e das suas derivações tecnológicas, seria levar a simplificação ao extremo, já que estão envolvidas na sua génese outras esferas da cultura. A máquina encerra uma vontade milenar de intervir no imaginário. A título representativo, constata-se que o cinema resulta não de um investimento técnico, mas de experiências em campos como a magia, a arte, da loucura e da diversão de massa (um dos pioneiros do cinema, Georges Méliès foi mágico antes de se dedicar ao cinema).
É um facto que as máquinas potencializam possibilidades pré-inscritas nas mesmas, mas para além da perspetiva de Flusser (1985), segundo a qual o artista se limita a ser um mero “funcionário de transmissão”, verifica-se que o artista tem meios de fugir a estas imposições deterministas e restabelecer a liberdade criativa, usando a sua criatividade e quebrando regras. A repetição e “burrice” associadas aos processos tecnológicos e às máquinas podem ser subvertidas através da criatividade do pensamento humano, escapando às limitações do “material” que se utiliza para criar arte, ou escapando às finalidades inscritas no aparelho.
Segundo Machado (1993), “há e sempre haverá instâncias diferenciadas de criação artística”. As dos “apertadores de botões” e também a daqueles que através das suas experiências e arrojo, têm contribuído para a fusão da arte com a tecnologia.
Na sociedade atual, uma obra de arte já não é necessariamente estática e envolve por vezes inúmeros intervenientes, desde os criadores das máquinas, aos programadores de software, ao artista que desenvolve um conceito imaginário e o torna real, ao utilizador que manuseia e manipula o produto artístico. Neste contexto, a obra de arte como produto de um génio artístico individual perde o sentido. Assim, não existe razão para não se considerar arte os trabalhos do inventor da máquina ou do engenheiro de software desde que estes demonstrem a criatividade, promovam a percepção ou abram portas ao imaginário.
Na sociedade atual, uma obra de arte já não é necessariamente estática e envolve por vezes inúmeros intervenientes, desde os criadores das máquinas, aos programadores de software, ao artista que desenvolve um conceito imaginário e o torna real, ao utilizador que manuseia e manipula o produto artístico. Neste contexto, a obra de arte como produto de um génio artístico individual perde o sentido. Assim, não existe razão para não se considerar arte os trabalhos do inventor da máquina ou do engenheiro de software desde que estes demonstrem a criatividade, promovam a percepção ou abram portas ao imaginário.
Referências:
Machado, A. (1993). Máquina e Imaginário - O desafio das poéticas tecnológicas. In E. d. U. d. S. Paulo (Ed.), (pp. 21-44): Editora da Universidade de São Paulo.
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